Espaço Reservado

"os pensamentos voam, mas as palavras vão a pé."

Diário de uma semi-paralítica de 22 anos com uma mãe paranóica…

Ser uma semi-paralítica de 22 anos tem muito que se lhe diga. Estar em casa por alguns dias ainda vá que não vá, mas quando uma pessoa jovem, activa, com um emprego e amigos se vê presa dentro das mesmas 4 paredes por mais de alguns dias a coisa pode correr mal. Falo por experiência própria, pois está claro. Sendo eu uma pessoa que muito tarde se decidiu a arranjar uma Vida a que pudesse chamar Vida com V grande, este pequeno contratempo está a ter repercussões a modos que desastrosas.
A consequência mais desastrosa no meio disto tudo foi a reacção da minha rica mãezinha. Sou filha única e por isso naturalmente protegida por todos. Mas a minha mãe sempre foi um exagero…ela não é apenas mãe-galinha…é mãe-abutre. Tenho dito. Sempre muito habituada a que eu não tivesse uma vida para além da escola e da família, foi uma guerra bastante longa para que eu conseguisse faze-la aceitar que, aos 19 anos já estava crescidinha demais para estar encerrada em casa todos os dias e todas as noites. A maneira mais drástica e radical que consegui arranjar para a convencer disso mesmo foi pegar nas minhas tralhas e bagagens e ala que se faz tarde. Rumei à Alemanha por 6 meses. Voltei linda e maravilhosa e mais independente que nunca. Habitou-se a que não parasse em casa muito tempo “mãe vou ficar na faculdade com amigos”; “mãe vou chegar tarde a casa”; “mãe vou sair hoje á noite”. Custou mas habituou-se. Outra grande mudança aconteceu quando um dia cheguei a casa e disse “mãe arranjei trabalho…começo na 2ª feira”. Então ai é que me perdeu de vista por completo. Mas habitou-se.
Tudo o que é bom acaba depressa e esta minha vida de gente grande não foi excepção. Quando cai de cama perdi, não só o emprego, mas também a minha independência e a minha tão recente e querida Vida (com V grande ora pois). Agora passo os meus dias na ociosidade, que é como quem diz não faço um cu. Ou seja? A minha mãe voltou a habituar-se a ter-me em casa para tudo. Mas sabem o que é pior? É que ela meteu na cabeça (e vem aqui a justificação do título do post) de que eu sou MESMO uma semi-paralítica que nunca mais na vida estará a 100%!!!!!!! AAARRRGGGHHH como isso me irrita! Bem diz o meu rico paizinho “tens de começar a sair de casa”…jura? A verdade é que, agora, cada vez que me mexo ela vem ver o que ando a fazer. Será normal? Não, correcção…normal não é porque me leva á loucura!Agora digam-me…se aos 19 anos tive de me afastar não só de casa mas também do país, o que terei de fazer agora que tenho 22 anos?! Será que alguma vez poderei voltar a utilizar um V em vez de um v?? Façam figas por mim, sim?


por: Suki